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A cegueira das coxeiras (2/2)

O número de porcas que sofrem algum tipo de lesão de patas é muito superior ao que se vê de forma aparente e mais frequente em segundos partos.

A análise preliminar dos dados resulta interessante e nalguns casos muito orientativa para o veterinário no sentido das causas que estão a provocar estas lesões: instalações, nutrição, lutas, etc. Cada uma tem uma origem distinta ou origens comuns, portanto, a percentagem elevada de uma ou várias delas que partilhem as mesmas causas pode indicar, ao técnico, onde reside o problema nessa exploração em concreto.

O despejar de dados e a análise posterior, que se realiza de forma automática, revela tendências que ajudam a fazer uma fotografia da situação da exploração.

Em primeiro lugar observámos que, do total das porcas revista, mais de 80% (em média) têm algum tipo de lesão nas unhas com maior ou menor gravidade e,  normalmente, localizam-se nas patas traseiras, coincidindo este dado com investigações anteriores (Anil et al. 2007).

O tipo de lesão predominante, ainda que se altera segundo a exploração como podemos ver nos gráficos 4 e 5, são os sobrecrescimentos do calcanhar e os dígitos auxiliares (gráfico 3).

Porcentajes por tipo de lesión

Gráfico 3. Distribuição do tipo de lesões recolhidas na base de dados.

 

Como se indica anteriormente, os gráficos 4 e 5 mostram explorações distintas com diferentes % nos tipos de lesões, que orientam claramente o veterinário para a causa que as origina.

Distribución de las lesiones de patas en una granja determinada

Gráfico 4. Distribuição das lesões de patas numa determinada exploração. Os grandes problemas de gretas na parede horizontal que levam a que os problemas sejam os solos e o desenho dos parques ou a densidade. Gráfico 5. Distribuição das lesões de patas numa determinada exploração com problemas de gretas na parede vertical e na linha branca. É necessário rever humidades e desníveis do solo, lutas e alimentação.

 

Com esta primeira análise, está-se a observar que as porcas mais afectadas pelas lesões nas unhas, seja qual for o tipo de lesão, são as de segundo parto contra aquilo que, em princípio, poderia parecer mais lógico, que as porcas velhas tivessem mais lesões. Ainda que exista variação entre explorações, é algo generalizado tal como mostra o gráfico 6.

Distribución de lesines por número de parto

Gráfico 6. Distribuição de lesões por número de parto.

À espera de continuar a aumentar a base de dados e relacionar estes resultados com os produtivos, suspeitamos que este pico de lesões em porcas tão jovens possa ser mais outro sintoma do Sindroma do Segundo Parto devido ao grande stress metabólico que as porcas sofrem durante a primeira gestação/lactação. Este stress provoca um certo nível de inflamações sistémicas estéreis, provocadas pela libertação de citoquinas, que reajustam as rotas metabólicas e priorizam sa situação de aparente emergência fisiológica na que se encontram os animais perante a função reprodutiva (M. Wilson et al, 2010). Como consequência, as porcas reduzem a sua capacidade reprodutiva e nós observamos, tanto nos dados como na exploração, o famoso “Sindroma do Segundo Parto”.

Outro indicador que se está a usar para ajudar a compreender o grau em que a exploração está afectada é o Rácio de Detecção Precoce. Com este dado, comprovamos a gravidade das lesões presentes em relação ao total de lesões registadas. Ou seja, se a maioria das lesões da exploração são de grau 1, podemos concluir que detectámos as lesões num estádío precoce pelo que o pronóstico de evolução é melhor ou o problema é menos grave.

Quanto mais este rácio se aproxime de 1, melhor é a situação das explorações: o problema é menos grave porque há mais lesões de grau 1 que de grau 2 e 3. No total da base de dados este número é de 0,42, assim pode-se concluir que a maioria das lesões até ao momento têm alguma gravidade. Este dado varia entre explorações, encontrando algumas que têm um valor de 0,7 e outras com valores próximos a 0,2, estas últimas normalmente já têm suspeita ou confirmação de problemas de coxeiras.

Como conclusões, podemos assegurar que as porcas afectadas por algum tipo de lesão ou coxeira nas nossas explorações é muito superior ao que em princípio parece haver. Além disso, é necessário relacionar estes dados com os reprodutivos para determinar como estes problemas não diagnosticados afectam exactamente incidências reprodutivas inespecíficas, baixas produções ou baixas taxas de retenção de porcas.

E, por último, como objectivo final, devemos determinar em que grau afecta economicamente as nossas explorações e quel é o retorno do investimento que pressupõe a remodelação ou alteração de instalações, sistemas de alimentação, nutrição protectora de alta qualidade, etc. que provocam/favorecem estas lesões.

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