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Altitude, inclinação e cobertura do terreno como factores de risco para surtos de PRRS nos EUA

É importante a altitude, a inclinação ou a cobertura do terreno?

21 Junho 2017
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Artigo

Land altitude, slope, and coverage as risk factors for PRRS outbreaks in the United States PLoS ONE 12(4): e0172638. Arruda AG, Vilalta C, Perez A, Morrison R (2017).

Que se estuda?

O estudo foi realizado para investigar a associação entre os factores geográficos (incluindo a elevação do terreno e a sua cobertura) e a incidência do PRRS registada no Projecto de Monitorização da Sanidade Suína de Bob Morrison (MHSMP).

Como se estuda?

Avaliaram-se os dados semanais do estatuto sobre o PRRS das explorações que participaram no SHMP entre 2009 e 2016. Utilizou-se o número de focos de PRRS, os anos de participação no SHMP e a localização da exploração. Existe a hipótese de que algumas características meio-ambientais possam influenciar no risco de PRRS: a cobertura do terreno (áreas cultivadas, arbustos e árvores), a altitude do terreno (em metros acima do nível do mar) e a inclinação do terreno (em graus, comparado com as áreas circundantes). Também se tiveram em conta outros factores de risco como a região, o sistema de produção a que pertencia a exploração, o tamanho da exploração e a densidade de porcos na área em que se localizou a exploração. As variáveis relacionadas com o terreno e a densidade de porcos foram capturadas em formato ráster a partir de várias fontes e extrapoladas para pontos (localização de explorações). A dependência entre as explorações que pertenciam a um determinado sistema de produção foram tidas em conta no modelo analítico.

Quais são os resultados?

O modelo final incluiu densidade de porcos, número de porcos na exploração, cobertura e inclinação do terreno e da região. Houve uma associação positiva entre estar localizada numa área de elevada densidade de porcos e o tamanho da exploração, com a incidência de surtos de PRRS (P <0,01). Estarem localizadas num terreno de forte inclinação (pelo menos 9% aproximadamente) parecia ter um efeito protector na incidência de surtos de PRRS comparado com a localização em áreas caracterizadas por inclinações suaves (de 2% ou menos). A cobertura do terreno foi igualmente importante, onde qualquer tipo de coberta parecida com pastos ou diferentes tipos de arbóreos (árvores com folha de agulha ou largas) parecia estar associada negativamente à incidência de PRRS em comparação com áreas cultivadas. A presença de arbustos, cobertura herbácea e árvores de distinto tipo diminuiu a incidência de PRRS em 0,70, 0,56 e 0,42, respectivamente. Estas associações continuaram a ser significativas depois de se considerarem outros factores de risco para o PRRS.

Que conclusões se retiram deste trabalho?

A localização da exploração, especialmente em áreas com eleavda densidade de porcos, é muito importante quando se trata do risco de introdução do vírus PRRS. A localização de uma exploração não é fácil de alterar, como tão-pouco o é a densidade de porcos.

Este estudo mostra que ainda existem algumas ferramentas disponíveis para diminuir o risco de haver infecções a partir de explorações vizinhas. Ainda que a plantação de árvores seja um processo bastante lento, há alguns tipos de árvores que crescem muito rapidamente e em poucos anos poderiam ajudar a diminuir a incidência de PRRS.

Quando se planeiam novas explorações e muito frequentemente se constróem em terrenos abertos, é importante já nessa etapa incluir a planificação da cobertura do terreno e também colocar a exploração na inclinação óptima do terreno, se for possível.

Enric MarcoA visão a partir do campo por Enric Marco

Para todos aqueles que já temos uns anos de dedicação à veterinária no sector dos suinos e concretamente à prevenção de doenças, reconforta-nos ler as conclusões do artiglo. Recordo, quando já há alguns anos dávamos assessoria sobre as melhores localizações para implantar explorações de multiplicação, seguindo os conselhos de quem foi um dos precursores da biossegurança: Tom Alexander. Tom aconselhava sempre que se fugisse de terrenos planos e desprotegidos. Não havia trabalhos científicos, nem estatística por detrás desse conselho, apenas senso comum. Muitas das explorações de multiplicação que temos hoje na Europa seguiram os seus conselhos e algumas delas conseguiram permanecer, até hoje, livres de PRRS (mais de 20 anos sem se infectarem). Se tivermos em conta que para que uma exploração se infecte por via aerógena necessita un movimento de ar lento (ventos fracos) e de elevada humidade ambiental, as zonas planas e cultivadas são as idóneas para que se dêem as condições correctas. A presença de vegetação corta o fluxo laminar do vento, gerando turbulências e dispersando particulas virais, o que naturalmente reduz a possibilidade de infecção. Quanto ao tipo de terreno, o que seja inclinado, pelo menos em 9%, está a dizer-nos que as explorações não se encontram num fundo de um vale onde se acumulam os ares frios e húmidos e, portanto, onde se dão as melhores características para a trasmissão de agentes patogénicos pelo ar.

Possivelmente uma correcta localização, desde o ponto de vista da biossegurança, não é a mais interessante quanto a custos de construcção mas seguramente será economicamente mais interessante a médio ou longo prazo e especialmente quando o estado sanitário pode ser um limitante para a produção, como poderá ser o caso de um núcleo genético ou multiplicador.

A ciência avança lentamente, mas enche-nos de alegria quando confirma critérios que foram chave para a manutenção da sanidade de numerosas explorações.

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