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A água de Maio chegou tarde para o cereal espanhol

As estimativas da colheita, actualmente, estão entre 6 e 6,5 milhões de t para a cevada (vs 9,5 milhões do ano passado) e cerca de 5,5 milhões entre trigo duro e brando (-1 milhão vs 2016).

Imagem 1: Colheita de cevada em Córdoba, 4000 kg/ha
Imagem 1: Colheita de cevada em Córdoba, 4000 kg/ha

O mês de Maio foi generoso quanto a chuvas e no que se refere à geografia espanhola, ainda que também tenha sido bastante irregular. Além disso, teve pouco efeito nas terras que estavam seriamente afectadas pela seca do passado mês de Abril.

As estimativas da colheita, actualmente, estão entre 6 e 6,5 milhões de t para a cevada (vs 9,5 milhões do ano passado) e cerca de 5,5 milhões entre trigo duro e brando (-1 milhão vs 2016).

Enquanto isso, as produções mundiais continuam com uma previsão muito positiva, com possibilidade de record se somarmos os stocks da velha colheita. Maio foi ultrapassado sem notícias negativas e, se Junho for um mês climatologicamente normal, daremos por válidas as estimativas actuais.

Cereais

Neste momento o líder na oferta a nível mundial é o milho. Este facto deve-se à boa produção no Brasil além de um câmbio de moeda favorável, que situou o milho de importação em portos peninsulares inclusive abaixo de 170 €/t para Agosto/2017 e até Maio/2018. O fabrico e o consumo com estes preços, logicamente, estão a tomar amplas posições de compra sem sequer aguardar o fim das colheitas francesa ou espanhola, as quais terão que competir com este nível de preços.

Imagem 2. Condições da colheita de milho no Brasil. Fonte: USDA
Imagem 2. Condições da colheita de milho no Brasil. Fonte: USDA

Para o trigo, e apesar de se esperarem campanhas mundial e europeia com uma produção ligeiramente menor, também teremos elevados stocks que fazem com que a disponibilidade seja praticamente record, sendo o mais relevante para a Espanha a importante produção que se espera na França com +12 milhões de t relativamente ao ano passado. Isto deve notar-se ainda mais nos preços de importação, que por agora não foram abaixo dos 173/174 €/t em porto para Agosto/Dezembro, ainda que com a pressão de colheita possam baixar entre 3/5 €/t.

Quanto à cevada, faz-se notar a importante descida de produção no nosso país (-3,5 milhões de t) devido a uma pluviometria desfavorável (imagens 3 e 4). No entanto, com o alto stock de partida, pode afirmar-se que haverá uma disponibilidade igual a uma colheita normal em Espanha. Os preços no início da colheita serão mais elevados que os que se assistirão lá pelo mês de Setembro, momento de maior pressão de colheita europeia. Se a isto se somarem as cevadas que entrarão de importação (1-1,5 milhões de t aprox) a 162 €/t, o mais provável é que a curta colheita nacional deste ano acabe por ser uma colheita grande, posto que terá que ser consumida completamente no interior.

Imagem 3: Precipitação acumulada em Abril 2017. Fonte: AEMET
Imagem 3: Precipitação acumulada em Abril 2017. Fonte: AEMET
Imagem 4: Precipitação acumulada no ano hidrológico. Fonte: AEMET
Imagem 4: Precipitação acumulada no ano hidrológico. Fonte: AEMET

Soja

A soja continua com a pressão da grande disponibilidade mundial, com os fundos de investimento muito curtos nas suas posições e há o perigo do periodo do weather market entre Junho/Agosto nos EUA. O risco desta situação está na posição tão curta dos fundos, de maneira que qualquer anúncio de clima pouco favorável pode provocar cobertura de compras com rapidez e fazer a cotação saltar em Chicago de uma forma muito brusca.

Outras proteínas

Os produtos proteicos alternativos não acompanharam a descida de 15/20 €/t de bagaço de soja acumulada no último mês. Por isso se compreende que as fórmulas de ração estão a perder percentagem de incorporação e as cotações deverão descer para recuperar o interesse, sobretudo para Julho / Agosto com a chegada da colheita europeia de colza, cuja previsão de colheita é mostrada na imagem 6.

Imagem 5. Produção estimada de semente de colza na Europa (Maio 2017). Fonte USDA
Imagem 5. Produção estimada de semente de colza na Europa (Maio 2017). Fonte USDA

Previsões

Neste momento, espera-se uma oferta um pouco melhor do preço dos trigos e cevadas de importação e dos milhos com muito pouco recurso à baixa. Os cereais nacionais deverão competir contra a importação e ir cedendo segundo vão avançando as colheitas com o objectivo de descer preços até 155/160 €/t à saída do armazém para cevadas e 10 euros a mais para trigos.

Atenção ao caminho que as proteínas possam ter. Para a soja, se não houver surpresas, a possibilidade de descida é muito limitada durante o Verão (talvez 10 €/t, não mais). Se o clima de Verão for benigno, então sim haverá uma tendência à baixa de Outubro para a frente. As alternativas à proteína de soja devem sim descer entre 10 e 20 €/t, a não ser que suba a soja.

Tabela 1. Previsão da evolução de preços por matéria-prima para o próximo mês.

Matéria-prima Intervalo de variação (€ / Tm) Tendência
Trigo -6 — +1
Milho -1 — +2 =
Cevada -5 — 0
Soja -5 — +5 =
Colza -10 — +1
DDG -5 — +2
Girassol -5 — +1
Bagaços 0 — +6
Alfafa -1 — +4
Polpa 0 — +4

29 de Maio de 2017

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